Doenças de Inverno: Saiba mais


26/07/2019   

Infecções de vias aéreas superiores (IVAS) são aquelas que acometem as fossas nasais, faringe e laringe. Também consideramos a orelha média como uma extensão das vias aéreas superiores. As principais IVAS são gripe, resfriados, rinossinusites, otites e laringites. Estas infecções são causadas principalmente por vírus, seguidos pelas bactérias. Agentes como fungos e outros são mais raros. As infecções virais das vias aéreas superiores são as doenças mais comuns que afetam os seres humanos, incidem principalmente do início do outono ao início da primavera. Um adulto pode apresentar de 2 a 5 episódios/ano e as crianças em idade escolar de 7 a 10 episódios/ano. Cerca de 90% das rinossinusites bacterianas são precedidas por um episódio viral. O resfriado comum ou uma gripe podem ainda evoluir para otite, faringoamigdalite, laringite e pneumonia. As taxas de internação por complicações associadas à gripe em indivíduos na faixa etária de 45 a 64 anos é de 20 a 40 internações por ano para cada 1.000.000 habitantes. Acima de 65 anos as taxas aumentam para 200 a 1.000 internações por ano para cada 1.000.000 habitantes. Conheça um pouco de cada uma delas.

Resfriado comum

Mais de 200 tipos diferentes de vírus são responsáveis pelo resfriado comum. O rinovírus é o mais prevalente, 30-50% das infecções, corona vírus é o segundo mais frequente, 10-15%. Outros vírus envolvidos são o parainfluenza, vírus sincicial respiratório, adenovírus e enterovírus. Geralmente a sintomatologia é discreta, com sintomas iniciais de dor de cabeça, espirros, calafrios e dor de garganta e, tardiamente com sintomas de coriza, obstrução nasal, tosse e mal-estar. Em grande parte, a intensidade dos sintomas aumenta rapidamente em 2-3 dias após a infecção, com uma duração média de 7-10 dias. Alguns sintomas, no entanto, podem persistir por mais de 3 semanas.

Gripe

A gripe é causada exclusivamente pelos vírus influenza, que são responsáveis por 5-15% das infecções de vias aéreas superiores. Tipicamente o início dos sintomas é repentino, caracterizado por febre alta, dor de cabeça intensa, tosse, dor de garganta, dor muscular, congestão nasal, cansaço, fraqueza e falta de apetite, apresentando, de uma forma geral, sintomas mais intensos do que no resfriado comum.

Gripe A/H1N1

A gripe causada pelo vírus Influenza A/H1N1 (inicialmente chamada de gripe suína) é uma doença transmitida através de gotículas de secreções eliminadas durante a tosse ou espirro de pessoas infectadas. A transmissão pode ocorrer quando houver contato próximo, principalmente em locais fechados, com alguém que apresente sintomas de gripe (febre, tosse, coriza nasal, espirros e dores musculares). Os sintomas podem iniciar no período de 3 a 7 dias após o contato e variam desde queixas nasais sem febre até pneumonia viral fulminante. Em geral, são sintomas semelhantes aos da gripe: febre alta e tosse, mas em alguns casos também podem aparecer: dor de cabeça e no corpo, garganta inflamada, falta de ar, cansaço, diarréia e vômitos.

Rinossinusite (ou sinusite)

A Rinossinusite bacteriana ou sinusite é a infecção da mucosa de revestimento dos seios da face. Os principais agentes são as seguintes bactérias: Streptococcus pneumoniae, o Haemophilus influenzae, o Staphylococcus aureus e a Moraxella catarrhalis. Os sintomas da Rinossinusite aguda são:

- congestão nasal / nariz entupido;

- secreção nasal anterior ou posterior, pela garganta;

- redução / perda do olfato;

- dor facial / pressão (sobretudo unilateral) na face;

- tosse;

Laringite

Laringite é todo processo infamatório da laringe. A queixa mais comum é a rouquidão, que pode ser de duração e gravidade variáveis. Também pode ocorrer dor de garganta, tosse, ruído respiratório e falta de ar. As laringites são, com frequência, precedidas por infecção no trato respiratório superior e em geral, ocorrem durante um período de até sete dias, com febre e comprometimento das vias aéreas, sendo mais prevalente na infância. A infecção bacteriana aguda ocorre geralmente por invasão direta ou por contiguidade de processos infecciosos da faringe, sendo raro o acometimento laríngeo isolado.

Otite média aguda

A otite média é definida como um processo de natureza inflamatória e infecciosa no ouvido. Estima-se que aproximadamente 2/3 de todas as crianças apresentarão pelo menos um episódio de otite média aguda (OMA) com 1 ano de vida, e aproximadamente 90% até os 7 anos; 75% terão apresentado 3 ou mais episódios em 7 anos. Sabe-se ainda que a incidência de otite média durante o ano acompanha a de infecção viral das vias aéreas superiores (IVAS), ou seja, é maior nos meses de inverno. O principal pico de incidência de OMA é entre 6 e 11 meses de idade; com um segundo pico entre 4 e 5 anos de idade. Dentre os fatores de proteção encontramos o aleitamento materno, rico em imunoglobulinas, diminuindo do risco de OMA no primeiro ano de vida. Os agentes mais frequentes da OMA são: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenza, Moraxella catarrhalis. Comumente, inicia com dor de ouvido súbita após estado gripal. A dor piora ao engolir ou o assoar do nariz, podendo ocorrer também diminuição da audição, sensação de pressão no ouvido e ruídos subjetivos e, ainda, pulsações no ouvido. Pode evoluir para saída de secreção purulenta com sangue. Caso ocorra, recomenda-se a proteção auricular, ou seja, não deixar entrar água no ouvido e procurar um especialista.

Rinite alérgica

A rinite alérgica é um processo inflamatório crônico não infeccioso que pode ter períodos de agudização (crises) confundidos com um quadro infeccioso. O diagnóstico da rinite alérgica é essencialmente clínico, baseado na presença de sintomas típicos (coceira, espirros, coriza e obstrução nasal), e na história familiar. A rinite alérgica provoca alterações na mucosa nasal que podem facilitar as infecções.

Diagnóstico

O diagnóstico das infecções de vias aéreas superiores é clínico, baseado em sinais e sintomas. Atualmente, a radiografia das cavidades sinusais (ou raio X de seios da face) é desestimulada e a tomografia deve ser solicitada apenas quanto há suspeita de complicações ou quando existe uma programação/possibilidade cirúrgica. Os sintomas das IVAS podem persistir por mais de 15 dias aproximadamente, especialmente em crianças de 1 a 3 anos. Outros sintomas que podem acompanhar o quadro de IVAS são alterações do olfato, pressão facial e secreção nasal posterior. Diferentemente da crença popular, a alteração de cor da secreção nasal não é um sinal específico de infecção bacteriana.

Prevenção

A lavagem das mãos é muito efetiva na prevenção das infecções. Cubra o nariz e a boca ao tossir ou espirrar. Outra medida preventiva contra o vírus da gripe é a vacinação. As pessoas mais vulneráveis às complicações, como os idosos, devem ser imunizadas todos os anos. As vacinas contra a gripe contêm cepas do vírus (ou partículas virais) inativadas (ou “mortas”). O efeito de proteção tem início 10 a 15 dias após a aplicação e estende-se por um ano. Vacinações contra a Haemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae têm boas evidências para apoio do seu uso. Está mais que comprovado que o aleitamento materno protege a criança de várias doenças, entre elas as infecções respiratórias. A alimentação balanceada, hábitos saudáveis e uma boa hidratação diária são importantes para manter as defesas naturais do organismo. Deverá ser dada atenção aos fatores determinantes, como a rinite alérgica, as imunodeficiências e a DRGE (refluxo gastro esofágico) e o tabagismo. O contato com a fumaça de cigarro deve ser evitado. Aos fumantes é recomendado que parem de fumar, se possível, ou que fumem apenas fora da casa.

Tratamento

A avaliação médica é muito importante para detectar as complicações e na orientação do tratamento adequado. A automedicação é uma prática perigosa que mascara os sintomas dificultando o diagnóstico e podendo levar às complicações. A lavagem nasal através da irrigação com solução fisiológica alivia os sintomas, ajudam como um complemento do tratamento e são bem toleradas. São simples, baratas, bastante seguras e sem efeitos colaterais significativos. O alívio dos sintomas é o foco do tratamento, porque a cura é quase sempre espontânea. As principais recomendações são repouso, hidratação com ingestão de grandes quantidades de líquidos e evitar esforços. Isso deve ser feito desde o momento em que os sintomas aparecem até dois dias depois que a febre desaparece. Alguns descongestionantes são agressivos e podem apresentar efeitos colaterais importantes e prejudicar ainda mais. O tratamento antiviral tem como objetivo reduzir o impacto da doença e possui melhor eficácia quando iniciado nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas. Antibióticos devem ser administrados apenas após avaliação médica, pois o uso indiscriminado pode levar ao desenvolvimento de resistência bacteriana. Mesmo em alguns quadros de rinossinusites bacterianas podemos optar no tratamento sem antibióticos. Dentre os fitoterápicos, o Extrato EPs 7630, das raízes de Pelargonium sidoides apresenta atividade imunomoduladora ou imunorestauradora, atuando na resposta imune não específica.

Atenção:

Gripes, resfriados, rinossinusites e rinites são diferentes.

A Vacinação não evita 100% das infecções, mas é um recurso importante na prevenção individual e coletiva.

Diagnóstico destas infecções é clínico, geralmente não requer exames.

Evitar a automedicação, pois mascara os sintomas e pode ser prejudicial.

Os Antibióticos são para infecções bacterianas, não mudam a evolução do quadro viral.

A tosse é um mecanismo de defesa, elimina secreção! Geralmente não é recomendado medicação para inibir a tosse, deve ser tratado a causa dela.

Alimentação saudável, hidratação, repouso, lavar as mãos, proteger a tosse/espirros são as melhores maneiras de prevenir estas infecções.


Fonte: Guidelines IVAS infecções das Vias Aéreas Superiores, Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.

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